quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Entendendo e calculando o IDH

O IDH foi criado para medir o nível de desenvolvimento humano dos países a partir de indicadores de educação (alfabetização e taxa de matrícula), longevidade (expectativa de vida ao nascer) e renda (PIB per capita). Seus valores variam de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Países com IDH até 0,499 são considerados de desenvolvimento humano baixo; com índices entre 0,500 e 0,799 são considerados de desenvolvimento humano médio; e com índices maiores que 0,800 são considerados de desenvolvimento humano alto.

O Índice de Desenvolvimento Humano também é utilizado para aferir o nível de desenvolvimento humano em municípios, denominando-se IDH-Municipal ou IDH-M e, embora meça os mesmos fenômenos - educação, longevidade e renda, os indicadores levados em conta no são mais adequados para avaliar as condições de núcleos sociais menores.

Educação: No tocante à educação, o cálculo do IDH-M considera dois indicadores, com pesos diferentes: a taxa de alfabetização (A) de pessoas acima de 15 anos de idade, com peso 2, e a taxa bruta de freqüência à escola (F), com peso 1. O primeiro indicador resulta da seguinte divisão: o número de pessoas do município com mais de 15 anos de idade(*) capazes de ler e escrever um bilhete simples (ou seja, adultos alfabetizados) dividido pelo número total de pessoas com mais de 15 anos de idade residentes no município. O segundo indicador resulta de uma conta simples: o somatória do número de indivíduos residentes no município que estão freqüentando a escola (**), independentemente da idade, dividido pela população residente no município na faixa etária de 7 a 22 anos de idade.

(*) Pelo calendário do Ministério da Educação, aos 7 anos uma criança deve iniciar o primeiro ciclo do ensino fundamental. Aos 15 anos, o jovem deve ingressar na primeira série do ensino médio, e, aos 22 anos, concluir o ensino superior. Esse calendário indica que a maioria da população deveria estar envolvida no processo de aprendizado entre as idades de 7 e 22 anos. Por isso, ao se avaliar o acesso das pessoas ao conhecimento, divide-se o total de alunos nos três níveis de ensino pela população total dessa faixa etária. A esse indicador se dá o nome de taxa bruta de freqüência escolar.

(**) Alunos matriculados nos cursos fundamental, médio e superior, inclusive os cursos supletivos de primeiro e de segundo graus, de classes de aceleração e de pós-graduação universitária. Apenas classes especiais de alfabetização são descartadas para efeito do cálculo.

Se considerarmos que as taxas de alfabetização e de freqüência já variam entre 0 e 1 (0% a 100%), torna-se desnecessário "convertê-las" em um índice, como nas dimensões saúde e renda. É preciso apenas aplicar os pesos de cada indicador para se chegar a uma média.

Se o município em questão tem uma taxa bruta de freqüência à escola igual a 85% e uma taxa de alfabetização de 91%, o cálculo será assim:

[0,85 + (2 x 0,91)] / 3 => (0,85 + 1,82) / 3 => 2,67 / 3 = 0,89.

Logo, o IDHM-E do município será 0,89.

Longevidade: Com relação à longevidade(***), o IDH-M leva em conta o número médio de anos que uma pessoa nascida no município, no ano de referência, deve viver, ou seja, a expectativa de vida (E) no município referente a esse ano.

(***) O indicador de longevidade sintetiza as condições de saúde e salubridade local, uma vez que quanto mais mortes houver nas faixas etárias mais precoces, menor será a expectativa de vida observada no local.

O cálculo da esperança de vida ao nascer é complexo e envolve várias fases. No caso da esperança de vida por município, as estatísticas do registro civil são inadequadas. Por isso, para o cálculo do IDH municipal optou-se por técnicas indiretas para se chegar às estimativas de mortalidade. A base são as perguntas do Censo sobre o número de filhos nascidos vivos e o número de filhos ainda vivos na data em que o Censo foi feito. A partir daí são calculadas proporções de óbitos. Aplica-se, então, uma equação que transforma essas proporções em probabilidade de morte. A próxima etapa é transformar essas probabilidades em tábuas de vida, de onde é extraída a esperança de vida ao nascer.

Para transformar esse número de anos em um índice, usa-se como parâmetro máximo de longevidade, 85 anos, e, como parâmetro mínimo, 25 anos. Assim, se o município em questão tem uma esperança de vida ao nascer de 70 anos, seu IDHM-L será:

(70 - 25) / (85 - 25) => 45 / 60 => IDHM-L = 0,750.

Logo, o IDHM-L do município será 0,750.

Renda: Para a avaliação da renda, o critério usado é a renda municipal per capita (R) (****), ou seja, a renda média de cada residente no município. Para se chegar a esse valor, soma-se a renda de todos os residentes e divide-se o resultado pelo número de pessoas que moram no município (inclusive crianças ou pessoas com renda igual a zero).

(****) No caso brasileiro, o cálculo da renda municipal per capita é feito a partir das respostas ao questionário expandido do Censo ? um questionário mais detalhado do que o universal e que é aplicado a uma amostra dos domicílios visitados pelos recenseadores. Os dados colhidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) através dessa amostra do Censo são expandidos para o total da população municipal e, então, usados para o cálculo da dimensão renda do IDH-M.

A renda média municipal per capita indica a renda média dos indivíduos residentes no município expressa em reais, pela cotação do dia 1 agosto de 2000. Os valores são extraídos do questionário da amostra do Censo. A partir da pesquisa do IBGE soma-se todo tipo de renda obtida pelos moradores daquele município (inclusive salários, pensões, aposentadorias e transferências governamentais, entre outros). E a somatória é divida pelo número total de habitantes do município. O resultado é a renda municipal per capita.

Para transformar a renda municipal per capita em um índice é feito uma série de cálculos. Primeiro convertem-se os valores anuais máximo e mínimo expressos em dólar PPC (Paridade do Poder de Compra), adotados nos relatórios internacionais do Pnud - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (US$ PPC 40.000,00 e US$ PPC 100,00, respectivamente), em valores mensais expressos em reais: R$ 1.560,17 e R$ 3,90.

Em seguida, são calculados os logaritmos da renda média municipal per capita e dos limites máximo e mínimo de referência. O logaritmo é usado porque ele expressa melhor o fato de que um acréscimo de renda para os mais pobres é proporcionalmente mais relevante do que para os mais ricos. Ou seja: R$ 10,00 a mais por mês para quem ganha R$ 100,00 proporciona um maior retorno em bem-estar do que R$ 10,00 para quem ganha R$ 10.000,00.

Finalmente, para se chegar ao índice de renda municipal (IDHM-R) aplica-se a fórmula a seguir: IDH-R = (log de renda média municipal per capita - log do valor de referência mínimo) / (log do valor de referência máximo - log do valor de referência mínimo). Para um município com renda municipal per capita de R$ 827,35, o cálculo ficaria assim:

IDHM-R = (log R$ 827,35 - log R$ 3,90) / (log R$ 1.560,17 - log R$ 3,90) => IDHM-R = 0,894.

IDH-M: Calculados os índices específicos de cada um dos três parâmetros analisados: IDHM-E, para a educação, IDHM-L, para a saúde (longevidade), e IDHM-R, para a renda, são determinados os valores de referência mínimo e máximo de cada categoria, que serão equivalentes a 0 e 1, respectivamente, no cálculo do IDH-M. Os sub-índices de cada município serão valores proporcionais dentro dessa escala: quanto melhor o desempenho municipal naquela dimensão, mais próximo o seu índice estará de 1. O IDH-M de cada município é a média aritmética desses três índices específicos: somam-se os valores e divide-se o resultado por três (IDHM-E + IDHM-L + IDHM-R / 3).

Assim, o IDHM-E de um município é dado pela fórmula ( 2A+F/3). Para o cálculo do IDHM-L, determina-se a expectativa de vida ao nascer no município (E) e usa-se a fórmula IDHM-L = (R-25/60). Finalmente, para se calcular o IDHM-R, determina-se a renda municipal per capita (R) e, em seguida, aplica-se a fórmula: IDHM-R = log10(R/3,9)/2,6. Essas equações foram ajustadas de forma que os três subíndices, IDHM-E, IDHM-L e IDHM-R, estejam entre 0 e 1.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Desigualdade

Ipea: desigualdade continua "extremamente elevada"

A desigualdade social permanece alta no Brasil, apesar da redução acelerada, nos últimos seis anos, da diferença entre os mais pobres e os mais ricos. Essa é a principal constatação da análise feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007.
Divulgado há pouco no Rio de Janeiro, o relatório classifica a desigualdade na distribuição da renda per capita no Brasil como "extremamente elevada". Segundo o Ipea, a parcela da renda dos 50% mais pobres é apenas "ligeiramente maior" que a parcela ganha pelo 1% mais rico.
"A fatia da renda apropriada pelos 10% mais ricos representa mais de 40% da renda total, ao passo que a fatia apropriada pela metade mais pobre da população representa 15%", informa o relatório.
Os dados são baseados no índice de Gini, indicador usado para mensurar a desigualdade de renda. O Ipea comparou os Pnads de 2001 e 2007 e verificou que esse índice caiu de 0,593 para 0,552. No Gini, quanto mais próximo de zero o coeficiente, menos desigual é o país.
Redução acelerada e mais duas décadas.
A boa notícia dada pelos pesquisadores é que a queda de 7% no coeficiente de Gini, no mesmo período, pode ser considerada uma das "velocidades mais aceleradas do mundo". "Dos 74 países para os quais há informações sobre a evolução do coeficiente de Gini ao longo da década de 1990, menos de 25% foi capaz de reduzir a desigualdade a uma velocidade superior à alcançada pelo Brasil no período 2001-2007", informa o Ipea.
Mas nesse ritmo, segundo os dados da análise, serão necessárias ainda mais de duas décadas para que Brasil "se alinhe à dos demais países com o mesmo nível de desenvolvimento."
O sucesso recente, diz o texto dos pesquisadores, "deve ser encarado apenas como um primeiro passo de uma longa jornada." Mas, por outro lado, essa queda "acentuada" na desigualdade de renda observada desde 2001 é a mais duradoura já ocorrida nas últimas três décadas. Ou seja, foram seis anos de queda contínua na desigualdade de renda entre os mais pobres e ricos.
Apesar disso, os dados do Ipea em comparação com outros países coloca o Brasil numa situação bem abaixo da tabela. Mesmo com essa queda acelerada, o Brasil ultrapassou apenas 5 dos 126 países que têm informações sobre o grau de desigualdade atual na distribuição de renda. Ao todo 113 países ainda apresentam distribuições menos concentradas que a do Brasil. (Lúcio Lambranho)

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

IDH3

Índice de Desenvolvimento Humano
Índice de Desenvolvimento Humano (2007)acima de 0,950
0,900–0,949
0,850–0,899
0,800–0,849
0,750–0,799
0,700–0,749
0,650–0,699
0,600–0,649
0,550–0,599
0,500–0,549
0,450–0,499
0,400–0,449
0,350–0,399
abaixo de 0,350
não disponível

(Mapa para daltônicos) Problemas de visão com o verde e vermelho.O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa de riqueza, alfabetização, educação, esperança média de vida, natalidade e outros fatores. É uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma população, especialmente o bem-estar infantil. O índice foi desenvolvido em 1990 pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no seu relatório anual.
Todo ano, os países membros da ONU são classificados de acordo com essas medidas. Os países com uma classificação elevada frequentemente divulgam a informação, a fim de atrair imigrantes qualificados ou desencorajar a emigração.
Atualmente, a lista é encabeçada, empatadas na primeira colocação, pela Islândia e Noruega.

Índice [esconder]
1 Critérios de Avaliação
2 Cálculo
3 Classificação
4 Países de elevado desenvolvimento humano
5 Situação de Portugal
6 Situação do Brasil
6.1 Educação
6.2 Longevidade
6.3 Renda
7 Ver também
8 Referências
9 Ligações externas

Critérios de Avaliação
Educação: Para avaliar a dimensão da educação o cálculo do IDH considera dois indicadores. O primeiro é a taxa de alfabetização, considerando o percentual de pessoas acima de 15 anos de idade; esse indicador tem peso dois. O Ministério da Educação indica que, se a criança não se atrasar na escola, ela termina o principal ciclo de estudos (Ensino Fundamental) aos 14 anos de idade. Por isso a medição do analfabetismo se dá a partir dos 15 anos. O segundo indicador é o somatório das pessoas, independentemente da idade, que frequentam algum curso, seja ele fundamental, médio ou superior, dividido pelo total de pessoas entre 7 e 22 anos da localidade. Também entram na contagem os alunos supletivos, de classes de aceleração e de pós-graduação universitária, nesta área também está incluido o sistema de equivalências Rvcc ou Crvcc, apenas classes especiais de alfabetização são descartadas para efeito do cálculo.
Longevidade: O item longevidade é avaliado considerando a esperança de vida ao nascer, que é válida tanto para o IDH municipal quanto para o IDH de países. Esse indicador mostra a quantidade de anos que uma pessoa nascida em uma localidade, em um ano de referência, deve viver. Ocultamente, há uma sintetização das condições de saúde e de salubridade no local, já que a expectativa de vida é diretamente proporcional e diretamente relacionada ao número de mortes precoces.
Renda: A renda é calculada tendo como base o PIB per capita do país ou município. Como existem diferenças entre o custo de vida de um país para o outro, a renda medida pelo IDH é em dólar PPC (Paridade do Poder de Compra), que elimina essas diferenças.

Cálculo
Para calcular o IDH de uma localidade, faz-se a seguinte média aritmética:
(onde L = Longevidade, E = Educação e R = Renda.
nota: pode-se utilizar também a renda per capita (ou PNB per capita).
Legenda:
EV = Expectativa de vida;
TA = Taxa de Alfabetização;
TE = Taxa de Escolarização;
log10PIBpc = logaritmo decimal do PIB per capita.

Classificação
O índice varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) até 1 (desenvolvimento humano total), sendo os países classificados deste modo:
Quando o IDH de um país está entre 0 e 0,499, é considerado baixo.
Quando o IDH de um país está entre 0,500 e 0,799, é considerado médio.
Quando o IDH de um país está entre 0,800 e 1, é considerado alto.

Países de elevado desenvolvimento humano
Posição País IDH
em 2005 (publicado em 2007)
Dados de 2005 (publicados em 2007) Mudança comparada a dados de 2004 (publicados em 2006)
1 (0) Noruega 0,968
1 (0) Islândia 0,968
3 (0) Austrália 0,962
4 (2) Canadá 0,961
5 (1) Irlanda 0,959
6 (1) Suécia 0,956
7 (2) Suíça 0,955
8 (1) Japão 0,953
9 (1) Países Baixos 0,953
10 (6) França 0,952
11 (0) Finlândia 0,952
12 (4) Estados Unidos 0,951
13 (6) Espanha 0,949
14 (1) Dinamarca 0,949
15 (1) Áustria 0,948
16 (2) Reino Unido 0,946
17 (4) Bélgica 0,946
18 (6) Luxemburgo 0,944
19 (1) Nova Zelândia 0,943
20 (3) Itália 0,941
21 (1) Hong Kong 0,937
22 (1) Alemanha 0,935
23 (0) Israel 0,932
24 (0) Grécia 0,926
25 (0) Singapura 0,922
26 (0) Coréia do Sul 0,921
27 (0) Eslovênia 0,917
28 (1) Chipre 0,903
29 (1) Portugal 0,897
30 (4) Brunei 0,894
31 (0) Barbados 0,892
32 (2) República Checa 0,891
33 (0) Kuwait 0,891
34 (2) Malta 0,878
35 (11) Qatar 0,875
Posição País IDH
em 2005 (publicado em 2007)
Dados de 2005 (publicados em 2007) Mudança comparada a dados de 2004 (publicados em 2006)
36 (1) Hungria 0,874
37 (0) Polônia 0,870
38 (2) Argentina 0,869
39 (10) Emirados Árabes Unidos 0,868
40 (2) Chile 0,867
41 (2) Bahrein 0,866
42 (0) Eslovênia 0,863
43 (2) Lituânia 0,862
44 (4) Estônia 0,860
45 (0) Letônia 0,855
46 (3) Uruguai 0,852
47 (3) Croácia 0,850
48 (0) Costa Rica 0,846
49 (3) Bahamas 0,845
50 (3) Seychelles 0,843
51 (1) Cuba 0,838
52 (1) México 0,829
53 (1) Bulgária 0,824
54 (3) São Cristóvão e Névis 0,821
55 (0) Tonga 0,819
56 (8) Líbia 0,818
57 (2) Antígua e Barbuda 0,815
58 (2) Omã 0,814
59 (2) Trinidad e Tobago 0,814
60 (0) Romênia 0,813
61 (15) Arábia Saudita 0,812
62 (4) Panamá 0,812
63 (2) Malásia 0,811
64 (3) Bielorrússia 0,804
65 (2) Maurícia 0,804
66 (4) Bósnia e Herzegovina 0,803
67 (2) Rússia 0,802
68 (5) Albânia 0,801
69 (3) Macedónia 0,801
70 (1) Brasil 0,800

Situação de Portugal
Portugal está em 29º no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O instituto classifica como bom o nível de vida, índices a partir de 0,8. No ranking mundial Portugal (29º) está à frente dos demais países de língua portuguesa: o Brasil está em 70º, Cabo Verde em 102º, Angola em 162º, Guiné-Bissau em 175º, Timor-Leste em 150º e Moçambique em 172º. Não obstante, possui o IDH mais baixo da Europa ocidental. Portugal melhora gradualmente o seu índice desde que a avaliação foi instituida, em 1975, apesar da queda registrada no último ano - vide tabela acima.
Portugal tem registado um forte crescimento do IDH, desde 1970, bem como dos Índices intermédios que o compõem, principalmente nas décadas de 70 e 80. Relativamente ao último ano de observação, 1999, é a Região de Lisboa e Vale do Tejo que apresenta o valor mais elevado, (0,925) superior à média nacional (0,905). As regiões com valores de IDH mais baixos são o Alentejo (0,872) e a Região Autónoma da Madeira (0,889), seguindo-se a Região Centro com 0,894, a Região Norte com 0,899, o Algarve com 0,900, e os Açores com 0,903. De notar que ao nível das sub-regiões, a dicotomia entre Litoral e Interior se mantém entre 1970 e 1999, apesar da evolução dos valores de IDH entre essas datas. Por outro lado, o Litoral é mais restrito em 1999 do que em 1970 e do que em 1991. A sub-região com valor mais elevado de IDH, em 1999, é a Grande Lisboa, com 0,938, e a que apresenta valor mais baixo é o Baixo Alentejo, 0,862.

1975: (índice = 0.785) - médio desenvolvimento humano
1980: (índice = 0.799)
1985: (índice = 0.821) - elevado desenvolvimento humano
1990: (índice = 0.847)
1995: (índice = 0.876)
2000: (índice = 0.896)
2005: (índice = 0,904)
2007: (índice = 0.897)

Situação do Brasil
2005 0.800
2000 0.789
1995 0.753
1990 0,723
1985 0,700
1980 0.685
1975 0.649
1975 0,462
Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) o Brasil entrou pela primeira vez para o grupo de países com elevado desenvolvimento humano, com um índice medido em 0,800 no ano de 2005. Mesmo com uma evolução de 0,008 no índice ante os 0,792 de 2004, o país perdeu uma posição devido ao grande salto dado pela Arábia Saudita, figurando na 70ª colocação mundial, logo abaixo da Macedônia (0,801) e acima de Dominica (0,798), entre 177 países-membros das Nações Unidas.
Ainda segundo o relatório, doze países da América Latina e do Caribe têm desempenho superior ao brasileiro: Panamá (62ª colocação com 0,812), Trindade e Tobago (59ª colocação com 0,814), Antígua e Barbuda (57ª colocação com 0,815), São Cristóvão e Névis (54ª colocação com 0,821), México (52ª colocação com 0,829), Cuba (51ª colocação com 0,838), Bahamas (49ª colocação com 0,845), Costa Rica (48ª colocação com 0,846), Uruguai (46ª colocação com 0,852), Chile (40ª colocação com 0,867), Argentina (38ª colocação com 0,869) e Barbados (31ª colocação com 0,892).

Há muitas controvérsias quanto ao relatório de 2007 divulgado pelas Nações Unidas. Muitas instituições afirmam que o Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil possa estar errado e que o correto seria de 0,802 a 0,808. O motivo seria a não atualização de vários dados relativos ao Brasil por parte da organização. O primeiro dado seria o do PIB per capita, que atualizando as revisões do IBGE seria de US$ 9.318 e o índice saltaria para algo entorno de 0,806. Outro dado é a taxa de alfabetização, que evoluiu 88,6% para 89,0%, isso significaria uma elevação de 0,003 no índice final. E há ainda um problema estatístico, a renda per capita de 2005 foi calculada com base em uma projeção de população de 184 milhões de brasileiros. Mas a Contagem Nacional da População, feita recentemente pelo instituto, revelou que apenas em 2007 o país atingiu este número de habitantes. Se isso for levado em conta, com menos gente para repartir o PIB, a renda per capita subirá, e o índice ganhará um acréscimo de 0,002.
Mesmo assim, o Brasil continua a ser internacionalmente conhecido por ser uma das sociedades mais desiguais do planeta, onde a diferença na qualidade de vida de ricos e pobres é imensa. Mas dados estatísticos recentes, contidos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o quadro começa a se alterar. Entre 2001 e 2004 a renda dos 20% mais pobres cresceu cerca de 5% ao ano enquanto os 20% mais ricos perderam 1%. Nesse mesmo período houve queda de 1% na renda per capita e o Produto Interno Bruto (PIB) não cresceu significativamente. A explicação dos economistas brasileiros e também de técnicos do Banco Mundial para a redução das desigualdades está nos programas de distribuição de renda, como o Bolsa Família. No entanto, como mais de dois terços dos rendimentos das famílias brasileiras provém do trabalho assalariado, há necessidade de crescimento da economia e do mercado de trabalho.

Educação
35 Emirados Árabes Unidos 88,0
36 Brasil 87,5
37 Malásia 87,3
Na área de educação, o Brasil tem melhor desempenho que a média mundial e regional. No relatório 2007, o país ficou com um índice de alfabetização adulta de 88,6% (64ª colocação mundial, logo abaixo dos Emirados Árabes Unidos e logo acima de São Vicente e Granadinas), índice igual ao encontrado em 2004, por conta das Nações Unidas não ter atualizado os dados. Segundo o IBGE, a taxa de alfabetização adulta evoluiu de 88,6% para 89,0% no período. O relatório captou, porém, um aumento no percentual de pessoas em idade escolar dentro das escolas e universidades, de 86,0% em 2004 para 87,5% em 2005 (36ª colocação mundial, logo abaixo da Alemanha e acima de Singapura).

Longevidade
78 Jordânia 71,9
79 Brasil 71,7
80 Arménia 71,7
Na área de longevidade, o Brasil vem conquistando grandes avanços nos últimos anos. A expectativa de vida em 2005 foi estimada em 71,7 anos ao nascer (79ª colocação mundial, logo abaixo da Jordânia e acima da Armênia) segundo o relatório. Em 2004, o índice era estimado em 70,8 anos ao nascer, e, em 2000, 67,7 anos. A esperança de vida brasileira supera a média global. Esse aumento da longevidade é um indicativo de melhoras no acesso a alimentação, saúde e saneamento.

Renda
66 Turquia 8,407
67 Brasil 8,402
68 Tunísia 8,371
Por fim, também a renda influi no cálculo do desenvolvimento humano, sendo no que o Brasil mais precisa melhorar. O último relatório das nações unidas apresenta um PIB per capita (PPC) de US$ 8,402 (67ª colocação mundial, logo abaixo da Turquia e acima da Tunísia). Com isso, a renda dos brasileiros aumentou, entre 2004 e 2005, de US$ 8.195 PPC para US$ 8.402 PPC. O que causa controvérsia pois as Nações Unidas não atualizaram as revisões do IBGE e continuam usando os métodos do chamado "Velho PIB". Com uma revisão de cálculos em Março de 2007, o IBGE descobriu que o país era 10,9% mais rico do que se imaginava, mudando assim uma série de dados, entre eles o PIB per capita que deveria ser de US$ 9.318.

IDH2

O Índice de Desenvolvimento Humano - IDH é uma medida-resumo do desenvolvimento humano, um único número com o mesmo nível de simplicidade do PIB per capita, mas menos cego do que este às questões sociais.

O IDH não deve ser visto como:
uma medida de "felicidade" ou um indicador do "melhor lugar para se viver".
uma medida compreensiva de todos os aspectos do desenvolvimento humano.
O conceito de desenvolvimento humano é maior e mais amplo do que sua medida. Para se obter um quadro mais compreensivo, é necessário suplementar o IDH com outros indicadores.
Aspectos como direitos humanos, participação, não-discriminação não são incluídos no IDH, mas são essenciais para o desenvolvimento humano.
Estimativa do IDH - Metodologia
Componentes do IDH
O IDH leva em conta três dimensões básicas da existência humana:

uma vida longa e saudável; o acesso ao conhecimento; um padrão de vida digno.
Estas três dimensões são mensuradas no IDH pelos seguintes indicadores:
esperança de vida ao nascer; taxas de alfabetização e de matrícula; PIB per capita

Normalização: Para cada indicador, valores mínimos e máximos são selecionados.
Os valores mínimos e máximos não correspondem a valores observados - são fixos e baseados nas tendências dos indicadores (seus valores prováveis nos próximos 25 anos).
A diferença entre o valor máximo e mínimo representa o caminho completo a ser percorrido pela sociedade no respectivo indicador.
A diferença entre o valor observado e o valor mínimo mostra o avanço já realizado.
Para cômputo do IDH, calcula-se a seguinte relação:
índice = (valor observado - valor mínimo) / (valor máximo - valor mínimo).
O valor resultante, um número puro, mostra qual o caminho já percorrido pela sociedade como proporção de todo o caminho a percorrer no respectivo indicador.
Se, para um indicador qualquer, uma sociedade:
permanece no ponto mínimo, o valor normalizado do indicador será zero.
alcançou o ponto máximo, o valor normalizado do indicador será um.
Portanto, a escala para cada indicador é fixada entre zero e 1.

Ponderação:Cada um destes indicadores normalizados entra no IDH com o mesmo peso (1/3).
A adoção de pesos iguais se deve a que todas as dimensões do IDH são igualmente valiosas e desejáveis. O IDH não admite substituição entre as suas três dimensões - a questão de quanto de renda se deve abrir mão em troca de um ano a mais de vida não faz sentido no contexto do IDH.
Como o valor dos três indicadores varia entre zero e 1, o valor do IDH também varia entre zero e 1.
O componente renda do IDH:
O PIB per capita entra no IDH, não por si mesmo, mas como uma proxy para todas as outras dimensões do desenvolvimento humano que não uma vida longa e saudável e o acesso ao conhecimento.
Os valores mínimo e máximo deste indicador são 100 dólares e 40 mil dólares, respectivamente.
Supõe-se que a contribuição da renda para o desenvolvimento humano está sujeita a retornos decrescentes. Um real extra de renda, quando a renda é de 10 mil reais, não é um insumo tão importante para o desenvolvimento humano quanto um real extra, quando a renda é de 100 reais. Para ter isto em conta, a partir do Relatório de Desenvolvimento Humano de 1999, passou-se a ajustar o indicador renda tomando o seu logaritmo, independentemente do nível de renda.
Em comparações internacionais, dado que o poder de compra de US$ 1 não é o mesmo em países diferentes, os valores dos PIBs per capita devem ser convertidos em dólares pela taxa de câmbio que igualaria o poder de compra do dólar entre os países (paridade do poder de compra - PPC).
No caso do Brasil, a taxa de câmbio real/dólar correspondente à PPC quase sempre é mais baixa do que a taxa de câmbio corrente.

O componente educação do IDH:
A taxa de alfabetização de adultos (15 anos e mais) tem peso de 2/3 e a taxa combinada de matrícula (primeiro, segundo e terceiro graus) tem peso de 1/3, neste componente do IDH.
Os valores mínimo e máximo para ambas estas variáveis são 0% e 100%, respectivamente.

O componente longevidade do IDH:
Esta dimensão é representada no IDH pelo indicador esperança de vida ao nascer - o número de anos que se espera um recém-nascido venha a viver, com base nos padrões correntes de mortalidade.
Os valores mínimo e máximo desta variável são 25 anos e 85 anos, respectivamente.

Estimativa do IDH - Exemplo:
Valores para os componentes do IDH, referentes ao ano de 2001, utilizados no RDH 2003Para o cálculo do IDH-Brasil.
Esperança de vida ao nascer 67,8 anos;
Taxa de alfabetização 87,3%;
Taxa de matrícula 95,0%;
PIB per capita US$ 7 360;
Cálculo do IDH - Brasil no RHD 2003;
Cálculo do Índice de Renda;
IDH-R = (ln 7360 - ln 100) / (ln 40 000 - ln 100) = 0,717

Cálculo do Índice de Educação:
IDH-E = (0,873 x 0,666...) + (0,95 x 0,333...) = 0,899

Cálculo do Índice de Esperança de Vida:
IDH-S = (67,8 - 25) / (85 - 25) = 0,713

Cálculo do Índice de Desenvolvimento Humano:
IDH = (IDH-R + IDH-E + IDH-S) / 3 = (0,717 + 0,899 + 0,713) / 3 = 0,777

Referências
Jahan, Selim (2003). Evolution of the Human Development Index, in Fukuda-Parr, S. e A. Kumar (eds.). Readings in Human Development, p. 128-139. Oxford University Press.

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2003). Relatório do Desenvolvimento Humano 2003. Oxford University Press.






Desenvolvimento Humano e IDH

O conceito de Desenvolvimento Humano é a base do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), publicado anualmente, e também do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Ele parte do pressuposto de que para aferir o avanço de uma população não se deve considerar apenas a dimensão econômica, mas também outras características sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade da vida humana.
Esse enfoque é apresentado desde 1990 nos RDHs, que propõem uma agenda sobre temas relevantes ligados ao desenvolvimento humano e reúnem tabelas estatísticas e informações sobre o assunto. A cargo do PNUD, o relatório foi idealizado pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq (1934-1998). Atualmente, é publicado em dezenas de idiomas e em mais de cem países.

O IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
O objetivo da elaboração do Índice de Desenvolvimento Humano é oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. Criado por Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o IDH pretende ser uma medida geral, sintética, do desenvolvimento humano. Não abrange todos os aspectos de desenvolvimento e não é uma representação da "felicidade" das pessoas, nem indica "o melhor lugar no mundo para se viver".
Além de computar o PIB per capita, depois de corrigi-lo pelo poder de compra da moeda de cada país, o IDH também leva em conta dois outros componentes: a longevidade e a educação. Para aferir a longevidade, o indicador utiliza números de expectativa de vida ao nascer. O item educação é avaliado pelo índice de analfabetismo e pela taxa de matrícula em todos os níveis de ensino. A renda é mensurada pelo PIB per capita, em dólar PPC (paridade do poder de compra, que elimina as diferenças de custo de vida entre os países). Essas três dimensões têm a mesma importância no índice, que varia de zero a um.
Apesar de ter sido publicado pela primeira vez em 1990, o índice foi recalculado para os anos anteriores, a partir de 1975. Aos poucos, o IDH tornou-se referência mundial. É um índice-chave dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas e, no Brasil, tem sido utilizado pelo governo federal e por administraçõ Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), que pode ser consultado no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, um banco de dados eletrônico com informações sócio-econômicas sobre os 5.507 municípios do país, os 26 Estados e o Distrito Federal.

IDH

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mede o nível de desenvolvimento humano dos países utilizando como critérios indicadores de educação (alfabetização e taxa de matrícula), longevidade (esperança de vida ao nascer) e renda (PIB per capita).

O índice varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) a um (desenvolvimento humano total). Países com IDH até 0,499 têm desenvolvimento humano considerado baixo, os países com índices entre 0,500 e 0,799 são considerados de médio desenvolvimento humano e países com IDH superior a 0,800 têm desenvolvimento humano considerado alto.

Para a avaliação da dimensão educação, o cálculo do IDH municipal considera dois indicadores com pesos diferentes. A taxa de alfabetização de pessoas acima de 15 anos de idade tem peso dois, e a taxa bruta de freqüência à escola peso um. O primeiro indicador é o percentual de pessoas com mais de 15 anos capaz de ler e escrever um bilhete simples, considerados adultos alfabetizados. O calendário do Ministério da Educação indica que, se a criança não se atrasar na escola, ela completará esse ciclo aos 14 anos de idade, daí a medição do analfabetismo se dar a partir dos 15 anos.

O segundo indicador é resultado de uma conta simples: o somatório de pessoas, independentemente da idade, que freqüentam os cursos fundamental, secundário e superior é dividido pela população na faixa etária de 7 a 22 anos da localidade. Estão também incluídos na conta os alunos de cursos supletivos de primeiro e de segundo graus, de classes de aceleração e de pós-graduação universitária. Apenas classes especiais de alfabetização são descartadas para efeito do cálculo.

Para a avaliação da dimensão longevidade, o IDH municipal considera o mesmo indicador do IDH de países: a esperança de vida ao nascer. Esse indicador mostra o número médio de anos que uma pessoa nascida naquela localidade no ano de referência (no caso, 2000) deve viver. O indicador de longevidade sintetiza as condições de saúde e salubridade do local, uma vez que quanto mais mortes houver nas faixas etárias mais precoces, menor será a expectativa de vida.

Para a avaliação da dimensão renda, o critério usado é a renda municipal per capita, ou seja, a renda média de cada residente no município. Para se chegar a esse valor soma-se a renda de todos os residentes e divide-se o resultado pelo número de pessoas que moram no município (inclusive crianças ou pessoas com renda igual a zero).

No caso brasileiro, o cálculo da renda municipal per capita é feito a partir das respostas ao questionário expandido do Censo - um questionário mais detalhado do que o universal e que é aplicado a uma amostra dos domicílios visitados pelos recenseadores. Os dados colhidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são expandidos para o total da população municipal e então usados para o cálculo da dimensão renda do IDH-M.