quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Alzheimer: uma nova abordagem

Tratamento não-farmacológico auxilia cuidadores e portadores da doença a viverem com dignidade e qualidade de vida.

A população idosa é a que mais cresce no Brasil. De acordo com o IBGE, até 2025 serão cerca de 34 milhões de brasileiros na faixa acima dos 60 anos, que representarão 15% da população. Esta projeção é baseada na elevação da expectativa de vida no país. Atualmente, uma pessoa que nasceu em 2006 possui uma expectativa de vida de 72,3 anos.
"O envelhecimento da população não preocupa apenas a comunidade médica brasileira, pois esse movimento acontece em escala global. A melhoria das condições de vida, o avanço da ciência e o acesso a uma medicina mais voltada para a qualidade de vida do paciênte são os fatores que contribuem para o crescimento progressivo da população idosa" afirma o Dr. Paulo Renato Canineu, médico geriatra e gerontólogo.
Com o envelhecimento da população dois fenômenos se destacam, a senescência e a senilidade. O primeiro representa o processo natural de envelhecimento, ao qual todo ser vivo está submetido. Já a senilidade acontece quando, durante o processo de envelhecimento, há o esmorecimento da memória e limitações físicas. "Uma das doenças que mais fragiliza o idoso é a Doença de Alzheimer, pois ela ataca o sistema cognitivo do indivíduo e, dessa maneira, prejudica as relações interpessoais afastando a pessoa do convívio social e familiar" explica o Dr. Canineu.
A busca pelo bem-estar e a qualidade de vida do paciente tem direcionado a ciência e a medicina para atuarem em conjunto, reunindo especialidades que abordam o paciente de forma complementar. "A interdisciplinaridade resulta em uma medicina para prevenção, que reduz a incidência de doenças da senilidade e atenua seus fatores. Por exemplo, durante o V Congresso Mundial de Demência Vascular, em Budapest, foi demonstrado que a arteriosclerose se aproxima cada vez mais da doença de Alzheimer, pois a má circulação pode desencadear processos degenerativos" explica o especialista.
O Brasil figura no grupo dos dez países com mais idosos no mundo. China, Ìndia, EUA, Japão, Russia, Alemanha, Itália, França e Brasil juntos têm 62% da população mundial com mais de 60 anos de idade(IBGE-2005). De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), cerca de 1,2 milhões de brasileiros são portadores de demências.
Diante desse cenário, novas formas de abordagem da doença de Alzheimer, voltadas ao bem-estar e qualidade de vida do paciente, têm se mostrado bastante eficientes como coadjuvantes nos tratamentos farmacológicos. A Ciência não têm respostas, mas metade das pessoas não reage bem ao uso de remédios. Somente os mais sensíveis oferecem resposta positiva aos medicamentos.
"As abordagens interdisciplinares, entre especialidades médicas e não-médicas, resultam de uma combinação entre procedimentos que reeducam a pessoa por meio de um novo processo cognitivo. Acredita-se que o ser humano possui cerca de 100 bilhões de neurônios. No entanto, durante toda a vida, uma parte deles permanece em repouso no cérebro" esclarece o Dr. Canineu.
Em quadros de demência manifestada, a exemplo da doença de Alzheimer, calcula-se que há uma perda de pelo menos 40% dos neurônios (cerca de 40 bilhões), que são atingidas pelo processo de degeneração. A ciência se volta cada vez mais para para o que é possível fazer com os quais 60 bilhões de neorônios que ainda estão lá.
"A chave para a senescência pode estar no que chamamos de neuroplasticidade, a capacidade de um neurônio diferenciar-se em funções específicas e assumir àquelas das celulas que foram prejudicadas. Temos como exemplo os casos de pessoas que, ao sofrerem um Acidente Vascular Encefálico, perderam a fala e com o auxílio de técnicas de reabilitação a recuperaram" explica o médico.
Trabalhar a cognição é investir na capacidade de aprendizado do indivíduo, uma função sincrônica do cérebro que envolve a atenção, a percepção, a memória, o raciocínio, o juízo, a imaginação, o pensamento e a linguagem. É como ensinar novamente o paciente a aprender e, dessa maneira desenvolver os potenciais ainda existentes.
Pesquisas recentes também associam os hábitos alimentares ao desenvolvimento da doençade Alzheimer. De acordo com a Academia Americana de Neurologia, uma alimentação rica em ômega 3, presentes em subistâncias como óleo de canola, óleo de linhaça e óleo de nozes, pode reduzir os riscos de Alzheimer em até 60%. Ou seja, a doença de Alzheimer é uma lacuna no conhecimento sobre a mente humana. Podemos avaliar o que é o processo de degeneração e sua evolução. No entanto, não somos capazes de revertê-lo, apenas retardá-lo parcialmente e temporariamente por meio de atividades e hábitos que estimulam e preservam a saúde dos pacientes.

Doença de Alzheimer:

A doença de Alzheimer afeta pessoas de idade avançada, causando degeneração de partes do cérebro, com destruição celular e redução da reação das celulas restantes a muitas das substâncias químicas que transmitem sinais no cérebro. Ou seja, o portador perde gradativamente suasncapacidades cognitivas, físicas e motoras. Atualmente, cerca de 10% da população mundial acima dos 65 anos sofre da doença de Alzheimer, de acordo com a American Alzheimer's Association. Aos 85 anos, essa porcentagem é de 50%.


HILÉA

O Hiléa, centro de vivência e desenvolvimento para idosos do Brasil, é referência na abordagem não-farmacológica como coadjuvante no tratamento de portadores da Doença de Alzheimer.
Para mais informações visite o site www.hilea.com.br.
(Gente Ciente - janeiro/2008)

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