segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Desigualdade

Ipea: desigualdade continua "extremamente elevada"

A desigualdade social permanece alta no Brasil, apesar da redução acelerada, nos últimos seis anos, da diferença entre os mais pobres e os mais ricos. Essa é a principal constatação da análise feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007.
Divulgado há pouco no Rio de Janeiro, o relatório classifica a desigualdade na distribuição da renda per capita no Brasil como "extremamente elevada". Segundo o Ipea, a parcela da renda dos 50% mais pobres é apenas "ligeiramente maior" que a parcela ganha pelo 1% mais rico.
"A fatia da renda apropriada pelos 10% mais ricos representa mais de 40% da renda total, ao passo que a fatia apropriada pela metade mais pobre da população representa 15%", informa o relatório.
Os dados são baseados no índice de Gini, indicador usado para mensurar a desigualdade de renda. O Ipea comparou os Pnads de 2001 e 2007 e verificou que esse índice caiu de 0,593 para 0,552. No Gini, quanto mais próximo de zero o coeficiente, menos desigual é o país.
Redução acelerada e mais duas décadas.
A boa notícia dada pelos pesquisadores é que a queda de 7% no coeficiente de Gini, no mesmo período, pode ser considerada uma das "velocidades mais aceleradas do mundo". "Dos 74 países para os quais há informações sobre a evolução do coeficiente de Gini ao longo da década de 1990, menos de 25% foi capaz de reduzir a desigualdade a uma velocidade superior à alcançada pelo Brasil no período 2001-2007", informa o Ipea.
Mas nesse ritmo, segundo os dados da análise, serão necessárias ainda mais de duas décadas para que Brasil "se alinhe à dos demais países com o mesmo nível de desenvolvimento."
O sucesso recente, diz o texto dos pesquisadores, "deve ser encarado apenas como um primeiro passo de uma longa jornada." Mas, por outro lado, essa queda "acentuada" na desigualdade de renda observada desde 2001 é a mais duradoura já ocorrida nas últimas três décadas. Ou seja, foram seis anos de queda contínua na desigualdade de renda entre os mais pobres e ricos.
Apesar disso, os dados do Ipea em comparação com outros países coloca o Brasil numa situação bem abaixo da tabela. Mesmo com essa queda acelerada, o Brasil ultrapassou apenas 5 dos 126 países que têm informações sobre o grau de desigualdade atual na distribuição de renda. Ao todo 113 países ainda apresentam distribuições menos concentradas que a do Brasil. (Lúcio Lambranho)

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